“Estamos vivendo um clamor nunca visto antes no Sertão paraibano”. A frase é do padre Djacy Brasileiro (na foto mostrando chão de açude que secou) e reflete o sentimento de cerca de 148.759 paraibanos que vivem em municípios do Vale do Piancó, que estão ficando sem água para o consumo. A situação é critica e pode fazer com que parte dessas pessoas abandone o Sertão em busca da sobrevivência.
A falta de água atinge os municípios de Aguiar; Boa Ventura; Conceição; Coremas; Curral Velho; Diamante; Ibiara; Igaracy; Itaporanga; Nova Olinda; Olho d'Água; Pedra Branca; Piancó; Santa Inês; Santana de Mangueira; Santana dos Garrotes; São José de Caiana; e Serra Grande. Segundo padre Djacy, alguns açudes estão secos e até os mananciais onde é coletada a água para abastecer os carros pipa passam por dificuldades.
“As águas estão baixando de forma rápida. Açudes em Itaporanga, Boa Ventura, Pedra Branca estão praticamente secos. Até Coremas está secando. É uma situação crítica, grave e degradante. O que salva a população da Zona Rural são os carros pipa, mas nem estes estão tendo mais onde abastecer”, afirmou o padre. A situação tem feito com que parte da população procure o padre para desabafar, dando indícios de um abandono dos lares no Sertão em busca de água e sobrevivência em cidades maiores.
“O pessoal tem conversado comigo a respeito da seca e da transposição. Caso o Vale do Piancó não seja incluído no projeto da transposição a situação vai piorar. Sem essas águas o pessoal já fala em deixar as cidades e ir em busca de outros lugares para morar, ir em busca de água e de sobrevivência”, contou padre Djacy. Para o padre, a inércia e o comodismos das autoridades com a situação que atinge o Sertão tem complicado cada dia mais a vida do povo e a tendência é de que um colapso ocorra até o ano que vem, caso não chova.
“O que vejo é uma inércia, um comodismo de nossas autoridades sobre a situação do nosso povo. Caso o Vale do Piancó recebesse as águas da transposição seria um alívio para a população. O clamor é muito grande, não houve colheita na região este ano. Se não houver inverno no ano que vem a situação vai ser desesperadora. Vai ser um colapso e um desastre total”, concluiu padre Djacy.
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