sexta-feira, 15 de março de 2013

Greve na UEPB: governador diz que não repassa “um centavo a mais” e afunda projetos como a implantação de campus no Vale do Piancó.

A paralisação dos funcionários da Universidade Estadual da Paraíba se tornou um impasse de difícil solução. De um lado, os funcionários cobram uma reposição salarial de 17%, melhores condições de trabalho, infraestrutura e a autonomia. De outro, o reitor Rangel Júnior diz não haver condições materiais para a concessão do aumento, nem o atendimento das demais reivindicações.
Para coroar, o governador Ricardo Coutinho afirma, categoricamente, que não irá “repassar nem mais um centavo do que o Estado já coloca na Universidade”. Ele alega que não pode aumentar os repasses do Estado. Ou seja, não há saída. Foi em síntese o que aconteceu nesse dia de manifestação dos funcionários na Assembleia, e das declarações fornecidas pelo reitor e pelo governador.
foto (2)
UEPB greve na AL
O impasse levou os deputados a cobrarem uma posição do Governo, para encerrar a paralisação, iniciada em fevereiro. Segundo o deputado Anísio Maia, “o governador não tem interesse em resolver o problema, porque ele tem uma forma ultrapassada de ver educação”. E lembrou como, desde que “ele assumiu o Estado, a Universidade perdeu a sua autonomia, uma conquista da comunidade acadêmica”.
Ficou claro também, ao longo dos debates, como o reitor Rangel Júnior, muito diferente da ex-reitora Marlene Alves, não demonstra ter altivez para cobrar do governador os repasses previstos na lei da Autonomia da UEPB. Pelo que insinuaram alguns sindicalistas, nesta quinta (dia 14), “Rangel fez acordo com o Governo para assumir a Reitoria e perdeu a sua própria autonomia”.
A Assembleia decidiu programar, para o próximo dia 19 (terça-feira), sessão especial para discutir a situação da Instituição. Os deputados já decidiram, inclusive, convocar o governador, os secretários de Educação, Finanças e Planejamento, o reitor Rangel Júnior, representantes dos funcionários da UEPB e até mesmo o Ministério Público. A ideia é abrir a caixa preta da Universidade, especialmente no capítulo dos repasses.
A verdade é que o governador não vai ceder um milímetro - ou um centavo - para UEPB. Nem a emenda de R$ 10 milhões aprovada em 2012 pela ALPB ao orçamento de 2013 será executada. É que embora o orçamento de 2013 da UEPB, aprovado pela Assembleia, tenha sido de R$ 241 milhões, com a emenda de R$ 10 milhões apresentada pelos deputados, o governo do Estado já apresentou à Reitoria da UEPB um cronograma de desembolso mensal que soma somente os R$ 231 milhões. No exercício de 2012, apesar de ter R$ 285 mi previstos no orçamento, foram repassados R$ 218 mi, mas a despesa passou de R$ 235 mi. No 'fogo cruzado' - reitor, professor, oposição, governador - quem perde sempre é o aluno.

Nenhum comentário: