sábado, 15 de abril de 2017

Delator que acertou propina de R$ 124 milhões para PMDB em reunião com Temer foi ouvido na Paraíba

Depoimento de Marcio Faria
O delator que deu detalhes sobre a suposta doação de US$ 40 milhões (R$ 124 milhões) em propina para o PMDB, em 2010, foi ouvido por procuradores da República na Paraíba. O depoimento, considerado dos mais bombásticos na operação Lava Jato, foi colhido do ex-diretor da área internacional da empreiteira Norberto Odebrecht, Márcio Faria da Silva.
O delator foi ouvido pelos procuradores Bruno Barros de Assunção e Bruno Galvão Paiva, no dia 14 de dezembro, dentro da operação montada pela Procuradoria Geral da República (PGR) para agilizar a oitiva dos 77 executivos e ex-executivos da empreiteira. No depoimento, ele falou da “compra do PMDB” em reunião com a presença de Michel Temer, em 2010.
No depoimento, o delator falou que a reunião ocorreu no escritório político de Temer, em São Paulo, na rua Antônio Batuira, 470. Lá estava presente o ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Coube a Cunha introduzir a reunião, com a presença de Temer, então candidato a vice de Dilma Rousseff .
Na hora de tratar dos valores, propriamente ditos, Temer deixou a sala, mas não sem antes dizer que, caso houvesse qualquer problema, os rapazes presentes (Eduardo Cunha e o ex-ministro Henrique Alves) resolveriam. Márcio Faria lembrou que a reunião foi descrita em uma das perguntas feitas a Temer, na qualidade de testemunha, por Eduardo Cunha e cortadas pelo juiz Sérgio Moro.
“Vossa Excelência em conhecimento se houve alguma reunião sua com fornecedores da área internacional da Petrobrás com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010, no seu escritório político na Avenida Antôio Batuira, n° 470, em São Paulo/SP, justamente com o Sr. João Augusto Henriques?”, dizia a 34ª  das 41 perguntas encaminhadas por Eduardo Cunha a Michel Temer. Esta foi uma das cortadas pelo juiz Sérgio Moro.
No depoimento colhido na Procuradoria da República na Paraíba, o delator afirma que o encontro foi marcado para “abençoar” um acordo que envolvia o pagamento de propina para garantir o andamento de um contrato da Odebrecht com a diretoria Internacional da Petrobras – que, segundo ele, era comandada à época pelo PMDB.
De acordo com Faria, a propina, exigida por um interlocutor do PMDB não identificado, foi de 5% sobre o valor do contrato, o que equivalia “em volta de US$ 40 milhões.” Faria também relatou que o e-mail em que recebeu com os detalhes da reunião para a formalizar o acordo dizia que o encontro serviria para a “compra do PMDB”. (com Suetoni S. Maior)

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