Senadores do PMDB esboçam um acordo que pode devolver Renan Calheiros à Presidência do Senado em 2013. Dono da maior bancada, o PMDB desfruta, por força regimental, da prerrogativa de indicar o nome do sucessor de José Sarney. Em público, Renan simula desinteresse pela poltrona. Longe dos refletores move-se para retornar ao posto que deixou, por renúncia, em 2007.
Dois senadores do PMDB desfilam pelo tapete azul do Senado como ameaças às pretensões de Renan: Eunício Olivera (CE) e Eduardo Braga (AM). Avesso a Renan, o PT destila simpatias por Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas. Porém...porém..., o preferido do petismo passou a cultivar o projeto de candidatar-se a prefeito de Manaus em 2012.
Nessa hipótese, Eduardo entregaria o assento de senador à suplente - Sandra Braga, sua mulher. restaria o cearense Eunício Oliveira. Houje, Eunício preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Depois do plenário, é o maior e mais importante colegiado do Senado. Pois bem, Eunício foi a Renan. em privado, disse-lhe que prefere um bom acordo a uma demanda. Expôs o seu jogo.
Eunício contou aos amigos o que disse a Renan: "Eu respeito a fila. Mas, se você não for candidato, que seu apoio. Se você for, eu quero ser líder do PMDB". Na legislatura passada, associado a Sarney, Renan mandava e desmandava no PMDB do Senado. Personagens como Eunício não lhe fariam sombra. Na atual legislatura, iniciada em fevereiro, os ventos mudaram. Renan passou a conviver com um grupo de oito senadores que não seguem sua liderança.
O G-8 inclui desafetos antigos, como Jarbas Vasconcelos (PE); gente que veio da Câmara, como Waldemir Moka (MS); e ex-governadores, como Luiz Henrique (SC). Aos oito senadores com luz própria, somam-se dois pemedebês que se autoproclamam "independentes": o próprio Eunício e Vital do Rêgo (PB), presidente da Comissão de Orçamento. O PMDB acaba de perder dois dos seus 19 senadores, ambos leais a Renan e Sarney. Chamam-se Gilvan Borges (AP) e Wilson Santiago (PB).
Na vaga do primeiro, a Justiça Eleitoral acomodou João Capiberibe (PSB-AP). O assento do segundo foi entregue a Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). A bancada do PMDB reduziu-se a 17 cabeças. Com a volta de Jarder Barbalho (PA), a bancada vai a 18. Excluindo-se o G-8 e o par de senadores "independentes", Renan dispõe, hoje, de um potencial de oito votos num colegiado de 18. Daí a necessidade de composição.
Ajustando-se com Eunício, Renan leva junto o voto do "independente" Vital do Rêgo, que ambiciona ocupar a presidência da CCJ a partir de 2013. Assim, com mais de um ano de antecedência, esboça-se um acordo em três lances: Renan vai à presidência e passa o bastão de líder a Eunício, que entrega o comando da CCJ a Vital.
Solidificando-se o acerto, restará combinar o jogo com os "russos" do PT e das legendas menores do consórcio governista. (com Josias de Souza)
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