Por serem consideradas áreas perigosas o “beiral”, que tem uma linha férrea costurando os seus quintais... E o Jatobá, talvez o bairro mais populoso da cidade... - Vão ganhar delegacias distritais, sob a alegação de que o tráfico de drogas reina absoluto; e a maioria dos homicídios é registrada nas localidades citadas. Muito embora, a delinqüência esteja inserida em todas as classes sociais.
Combater de frente o crime organizado cheira a “praça de guerra”.
A pergunta é oportuna: a ocupação da policia vai resolver o problema da criminalidade nesses lugares? Estratégia, inteligência, investigação, coerção... Serão contextualizados como resposta. Não a essa interrogação, quem me dera tanto prestigio, mas à população assistida.
Não sou simpático a divulgação de números, que mais parecem feitos heróicos, por parte da imprensa. É, também, dizer que os mocinhos estão à mercê da bandidagem, visto que depois de exímio, nada pode ser feito. E essas estatísticas mais alarmam a população do que a faz pensar.
Um ato violento reduz a nossa compaixão. Mas, há de haver o momento da racionalidade. Assim como, da corrente sociológica; dos fatores históricos; dos fenômenos da modernidade; das patologias humanas. É provado: não se combate violência com violência. O mal está também dentro do homem. E ignorar isso é ser conivente, visto que a violência é comportamental. Não precisamos de justiceiros.
Acredito que se não mudar a atitude da policia, não adianta de muita coisa montar delegacias nos bairros. São gritantes as dificuldades do Estado em treinar, equipar e pagar salários decentes aos profissionais que lidam com segurança publica nesse país; digo: organizar e manter a polícia como reza a nossa carta magna. Portanto, não precisamos de mais dois setores burocráticos, apenas para fazer valer uma nomeação de concurso público. Precisamos, sim, de práticas efetivas de combate a criminalidade, observando o estudo das causas.
Vejo essas delegacias de bairros muito mais como uma resposta à pressão da sociedade, que espera por resolutividade, do que argumentos de verdade; porém, essa mesma sociedade civil organizada não pode esquecer que tem um papel fundamental no enfrentamento da violência. É através de sua intercessão que podemos chegar aos resultados mais efetivos e não apenas paliativos.
Achei engraçado o que disse, outro dia, um cidadão na internet: “lugar seguro, mesmo, só no céu; mas, para se ter isso tem que morrer”.
* Jornalista
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