domingo, 15 de maio de 2011

Migração prejudica produção sertaneja: Por ano, três mil agricultores deixam lavouras e vão para o corte de cana em SP. O Vale do Piancó é a região mais afetada

Não há mão de obra para tocar as plantações de arroz, feijão e milho em 19 cidades do Sertão da Paraíba. Os trabalhadores da região deixaram as terras e seguiram para municípios do interior paulista, onde trabalharão no corte da cana-de-açucar, que nos próximos meses lhes garantirá os salários. Esse fluxo migratório temporário, que ocorre de janeiro a abril, aumentou nos últimos: cerca de 3 mil lavradores paraibanos se afastam de suas famílias a cada ano para ir em busca do trabalho assalariado nas lavouras de cana de São Paulo. Sem mão de obra suficiente, mais de 2,5 mil hectares de arroz deixam de ser plantados em cidades sertanejas da Paraíba, e pelo menos metade da área produtiva que deveria estar ocupada com milho e feijão é transformada em pastagem.
Os municípios mais afetados com o problema são:  Princesa Isabel, Manaíra, Juru, Tavares, Piancó, Itaporanga, Conceição, Ibiara, Boa Ventura, Diamante, Cajazeiras, São José de Piranhas, Cachoeira dos Índios, Santana dos Garrotes, Santana de Mangueira, Aguiar, São José de Princesa, Manaíra e Pedra Branca.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater), da Regional de Itaporanga, informou que da aréa de 5 mil hectares, que é destinada a produção de arroz, somente a metade  foi aproveitada esse ano e o lucro obtido será de R$ 24 milhões, 50% a menos do que deveria ser. Já na aréa do milho, apenas 50% foi plantada, e a renda deve oscilar em torno de R$ 11 milhões - menos da metade do esperado. A produção do feijão caiu mais de 40% e este ano vai  gerar R$ 7,5 milhões.
Preocupados com a migração e com a constante falta de mão de obra para a agricultura do Sertão, técnicos da Emater estão discutindo alternativas para amenizar a situação. De acordo com o assessor técnico da Emater de Itaporanga, que responde por 19 municípios do Vale do Piancó, Valdir Pereira, mais da metade do território rural não é mais aproveitado, e os moradores que continuam nessas áreas já passam dos 60 anos.
“Só tem idosos, que já se aposentaram e não tem mais condições de trabalhar no cultivo das lavouras. Alguns ainda resistem às dificuldades e plantam milho e feijão, mas já não é mais como antes. Muita terra boa, fértil, produtiva sem ser aproveitada, provocando assim uma perda irreparável à economia proveniente da agricultura na nossa região”, contou.
Valdir explicou que, embora a cultura do arroz, seja uma das principais fontes de renda da região, a atividade vem perdendo força por falta de mão obra. Pois, metade das terras onde o grão era cultivado, está senda usada como pastagem para os animais. (Daniel Motta/CP)

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