O encontro amistoso de dois personagens deu à história uma aparência de viaduto ligando o inacreditável ao inimaginável. Confraternizaram-se no plenário do Senado o ex-cara-pintada Lindberg Farias (que tomou posse hoje) e o ex-presidente Fernando Collor. Inimigo de Collor no verbete da enciclopédia que trata do impeachment, Lindberg é, hoje, cúmplice de governismo do ex-desafeto.
Felizes apoiadores do governo petista de Dilma Rousseff, os neocompanheiros foram ao plenário para votar a favor da tetrapresidência de José Sarney. Observaram-se à distância por mais de duas horas. Só depois de encerrada a sessão, com o entorno já esvaziado, achegaram-se um ao outro.
Trocaram sorrisos e apertos de mão. Apalparam-se na altura dos braços. Tentavam, por assim dizer, provar a si mesmos que não eram personagens fictícios. "Aquele foi um momento da história do país. Ele foi gentil comigo, apertou minha mão", disse Lindberg aos repórteres.
Compelidos pelas circunstâncias a reescrever os livros, a ex-ética e a ex-imoralidade dão à História um formato de lenda. No final da fábula, numa evidência de que o tempo é mesmo Senhor da razão, todos vivem felizes para sempre. (JosiasdeSouza)
Um comentário:
Texto fabuloso. Parabéns Josias de Sousa por esta descritiva narração romântica de um acontecimento tão pragmático. Parabéns Ricardo Pereira por um Blog tão arrojado.Sou assídua frequentadora de suas idéias e opiniões.
Maria Helena-CATINGUEIRA NET e Blog da Vereadora Maria Helena, Câmara em Foco
Postar um comentário