A expressão “presente de grego” tem motivo de ser. Após anos sitiando Tróia, os gregos construíram um cavalo do tamanho de uma montanha, rechearam-no de soldados, e, fingindo ir embora, deixaram o “mimo” para os troianos. Os adversários, então, levaram a oferta para dentro das muralhas e o resto do conto mitológico é cheio de desventuras para os nativos.
A história contada nos livros é parecida com o que está para acontecer na Paraíba. Aqui, o governador José Maranhão (PMDB) vai deixar junto com o mandato um presentinho de grego para Ricardo Coutinho (PSB). O socialista terá ao assumir o Executivo uma montanha de soldados sedentos pela implantação do reajuste salarial previsto na lei apelidada estrategicamente de PEC-300, mesmo nome da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tramita no Congresso Nacional. O objetivo de agora, assim como o exemplo mitológico, é, visivelmente, enfraquecer o adversário, que já assumirá o governo com uma batata quente nas mãos.
A PEC-300 foi pensada pelo governo do estado para ter aplicação gradativa, com execução definitiva em 18 meses. A sua implantação vai representar, segundo a lei sancionado por Maranhão, um impacto financeiro de R$ 234 milhões nas contas do estado. Um montante que, a preço de hoje, o governo não teria como arcar. Até pelo atual comprometimento de 52,8% da receita com o pagamento da folha de pessoal, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal impõe como limite prudencial o montante de 49%.
Trocando em miúdos, o estado não tem como bancar, a partir de janeiro, o reajuste escalonado dos policiais. Com isso, para Ricardo, sobram duas vertentes: arcar com os aumentos e descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (que gera inelegibilidade) ou encarar o descontentamento dos policiais, que já contavam com esse reajuste. Para qualquer lado que o novo governador pender, vai enfrentar desgaste. O socialista disse estar disposto a discutir o assunto com os policiais. Difícil é se chegar a um acordo. (SuetoniSoutoMaior)
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